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27 de junho de 2011

Como óleo e água parte II


- Você pode me responder, Urik? Por que está no meu quarto?
Urik não respondeu com palavras, ele avançou sobre mim tirando a minha roupa com uma ferocidade e rapidez que me deixou desnorteada.


Em seguida me sentou na escrivaninha afastando com o joelho as minhas pernas que não ofereceram resistência alguma e me encarou.


Tirei seu moletom com a mesma rapidez e lancei meus lábios em direção aos seus sem me lembrar de que ele não havia permitido o beijo da primeira vez em que transamos; Dessa vez não foi diferente. Tão rápido quanto eu ele desviou o rosto, e o beijo acabou por morrer na sua mandíbula; Vacilei quando soltei um suspiro demonstrando minha insatisfação por não ter conseguido beijá-lo e ele sorriu triunfante sobre mim.


Fixei meus olhos no rosto dele e o admirei.
Curtis era lindo demais; suas pestanas incrivelmente negras e longas davam um contraste maravilhoso com o azul transparente dos olhos, suas pupilas estavam dilatadas talvez tivessem alcançado o máximo da dilatação que poderiam, pois alguns raiozinhos pretos ultrapassavam o limite invadindo a íris, olhei então para o nariz perfeitamente simétrico e a boca - o local proibido e inatingível para mim - era perfeita... simplesmente perfeita.


Desci os olhos para o peito nu de Urik, e nesta altura, já não pude conter minhas mãos que avançaram sobre ele; finquei as unhas nas suas costas, fazendo com que Curtis arqueasse o corpo e soltasse um gemido delicioso; me deixando completamente atônita.


Minha mão então escorregou em direção ao botão da sua calça e acabei por libertar sua ereção; Urik sorriu graciosamente para mim e sequêncialmente passou as mãos pelas minhas costas me puxando ao seu encontro, com a intenção de nos tornamos um só corpo mais uma vez.


Naquele instante, apesar de ter muitas coisas eróticas a dizer e muito mais coisas devassas para pensar, decidi que, antes de qualquer coisa, deveria agradecer aos céus por ter a minha segunda chance com Urik Curtis; Éramos como óleo e água, quimicamente impossível de acontecer, mas estávamos dispostos a tentar misturar.


Por algum milagre ou por qualquer outro motivo que eu nunca soube explicar, conseguíamos fazer com que a mistura funcionasse por um bom tempo; era explosivo e perfeito. Porém tinha plena consciência de que a qualquer segundo a lei da natureza tomaria as rédeas novamente me afastando de Urik... e inevitavelmente o tomaria de mim.

21 de junho de 2011

24º Capítulo - Como óleo e água


Caminhei como uma doida naquela noite, tentando digerir tudo o que me havia acontecido; tentando fazer com que a cena asquerosa do Urik no pub sumisse da minha cabeça; mas, não consegui.
Ao contrário, minha mente dava continuidade e me levava para um cenário mais nojento ainda.


Comecei a imaginar os três no quarto de Curtis; Urik surgindo completamente despido enquanto as garotas se preparavam para tomar posse do seu corpo.


Era demais pra mim, ter que vê-lo todos os dias e não saber quando teria que fingir que não estava incomodada com a situação, fingindo não me importar de fato, quando na verdade eu gostaria mesmo era de estar com ele no lugar de qualquer uma delas; e no fim, ainda tinha Janson com a sua declaração inesperada.


Caminhei instintivamente até o meu quarto e por um instante hesitei em ultrapassar o limite da porta.
Algumas loucuras me passaram em mente; como invadir a casa do Urik e esmurrá-lo imediatamente só para descontar a raiva que ele tinha me feito passar, só por ter sido tão indiferente em relação a mim. Senti alguma coisa umedecer a minha face e desacreditei que estava chorando pelo Curtis... Que tipo de ser patético estava me tornando?! Sorri abafado em seguida. Nem eu estava acreditando que pudesse ser tão idiota.


Por fim, não tive coragem de dar continuidade a loucura, e acabei me contentando em passar a noite em claro, imaginando a quantas andaria o bacanal do Curtis. Entretanto, no instante em que me deparei com o meu quarto quase enfartei tamanho o susto; Urik, o idiota do Urik, estava deitado na minha cama.


Limpei as lágrimas rapidamente, fechei a porta e caminhei até a cama, o encarei por um breve período, Urik parecia estar dormindo; Preocupei-me involuntariamente onde eu iria passar a noite, mas minha preocupação não durou mais do que cinco segundos:
- Você demorou - Disse ele ainda de olhos fechados,meu corpo reagiu dando um espasmo.


- O que você está fazendo no meu quarto? – Fingi estar irritada, pois de uma forma doentia eu estava vibrando de felicidade – Como conseguiu entrar aqui?
Urik apontou para a cômoda ao lado da cama, me lembrei imediatamente do dia em que o deixei sozinho no dormitório.


- Você não disse que tinha pegado a minha chave, Curtis! Isso é invasão sabia? – Ele ignorou tudo o que eu acabara de dizer mudando de assunto:
- Como foi a sua noite com o Janson? – Desviei os olhos incrédula e respondi rispidamente:
- Não te interessa.


- Você deu um fora nele, não foi? – Ele sorriu, e então abriu os olhos finalmente... estava lindo como já era de se esperar.


- Você é tão idiota, Urik – Não pude deixar de observar, porém ele continuou não dando a mínima aos meus comentários, saltou da cama parando de frente para mim, tive que engolir a saliva que já voltava a tomar conta da minha boca só de imaginar o que poderia nos acontecer, sozinhos entre quatro paredes:
- Então... Janson o rapaz sorridente, tomou uma “bica” da malvada L’Adora?


Senti minhas bochechas apertarem ao tentar conter o sorriso por saber do apelido que ele havia me dado, então respondi, bem humorada:
- Por quê? As duas patetas tomaram um fora do todo poderoso Urik Curtis?
- Diremos que elas ficaram por ai – Respondeu ele, gracioso. - Foi quando me dei conta de que ele não estava mais usando as mesmas roupas que usava no Public House.


- Ficaram por ai? Não sem antes passearem pelo seu quarto, né?
- Elas não foram pra casa. – Respondeu ele de imediato.
- Você trocou de roupa – Retruquei.
- Não sabia se você iria demorar. Então, por precaução me preparei pro dia seguinte, tenho aula de manhã.
Urik estava tão sério que por um instante não sabia se estava blefando ou estava sendo sincero.


Logo ele tornou a perguntar me tirando do breve devaneio:
- Você deu ou não um fora no Bencini, Elladora?
- Dei, Curtis!
- Hãm... Como previsto – Desdenhou - Muito bom.
- Não sei porque perguntou então, se a resposta pra você já era evidente!
- Porque ouvir você falar é mais divertido. – Rebateu ele, se divertindo realmente.
- Você é um babaca... como pode ter dito aquelas coisas pra ele?


- O que ele te falou?
- Disse que eu não era pro bico dele - Urik revirou os olhos saboreando o momento com satisfação – Por que o incentivou a tentar a sorte comigo? Isso foi cruel.
- E dizem por ai que ele vai tomar o meu lugar... - Sacudiu a cabeça rindo descaradamente – Você pode acreditar? Ele é um boca aberta!


- Ele me pediu em namoro – Soltei em seguida, e percebi que tinha falado algo que não fazia parte do que Curtis planejara ouvir. No mesmo instante o sorriso no rosto dele se extinguiu, em sequência suas sobrancelhas se uniram e então me perguntou por entre dentes:
- Ele o quê?
- Pediu pra namorar comigo - Respondi um pouco sem graça.


- Mas que filho da mãe! – Urrou ele, fazendo meus olhos saltarem, em seguida emendou - O que você respondeu?
- Que não, oras! Se eu dei um fora nele!
- Ele tentou mais alguma coisa? Ou ficou só nesse papinho Don Juan?
- Pode me contar o que está acontecendo, Urik?! Você me entregou de presente pro Jan, depois passou por nós, e fez questão que eu soubesse que ele estava te devendo um favor... Depois invade o meu quarto, me pergunta sobre a minha noite...
- Jan? – Questionou com descaso ignorando todo o meu discurso – Desde quando você chama o Bencini de Jan?


- O que você está fazendo aqui afinal, Curtis? Veio só para me irritar? Porque se foi por esse motivo, parabéns, você está conseguindo.
- Não... É claro que... Não. – Respondeu levando a mão no cabelo, um gesto que reconheci imediatamente.

14 de junho de 2011

23º Capítulo – Declarações


- O que você está devendo para o Curtis, Janson? - Questionei-o enquanto caminhávamos em direção a república onde ele morava.
- Urik quebrou um galhão pra mim, sabe como é?
- Não, é claro que não sei – Respondi sem o encarar - Mas você pode me falar a respeito.


- O Curtis... bom, ele não gostou nada daquela nossa saidinha, lembra?
- Muito me espantou ele saber da nossa “saidinha”, foi você quem contou pra ele?
- Claro que não! Só pedi seu telefone pra ele, quando o encontrei no campus na manhã do dia seguinte.


– Curti você desde o primeiro momento em que te vi... Te achei legal, simpática, bonita... e você tem um beijo muito bom – Ele sorriu no final.
- Hãm! – Resmunguei sem paciência, e um pouco decepcionada pela história não ser nada dramática, sem nenhum tipo de luta corporal, nenhuma ameaça de morte, e nada dessas coisas.


- Bom – Prossegui - Ai você pediu meu telefone pra ele, e...?
- Ele disse pra eu não pegar mal não, mas... que você não era pro meu bico.
- Não sou, é? – Perguntei achando graça nas palavras do Curtis para o Janson.
- É, foi o que ele disse.


- E qual é a divida por fim?! - Insisti - Você... Pode me contar?!
- Semana passada encontrei com o Urik novamente, e voltei a pedir o seu telefone – Disse ele pensativo - Não sou de ficar pedindo não, sabe? Mas o Curtis disse que você não tinha ninguém e... eu gostei de ficar com você de verdade, achei que valia a pena.
Após a longa pausa dada por Janson no final, exclamei angustiada:
- Prossiga, Bencini!


- Ah sim... Então, acho que ele estava de bom humor, não passou o seu telefone, mas disse que vocês tocariam no Public House neste “findi”.
- Entendi, ou seja… resolveu te presentear, com a palhaça aqui?
- Claro que não... Ele só falou pra eu tentar a sorte, e eu tentei, ué!
Tentar a sorte era o tipo de resposta que era a cara do Urik, quase pude ver o sorriso irônico brotando nos lábios dele, assim que o Janson lhe deu as costas.


Quando chegamos em frente a república de Janson, ficamos um tempão em silêncio.
A falta de assunto repentina para mim estava bem cômoda, pois precisava encontrar alguma resposta para tudo o que Bencini havia me falado sobre o encontro com o Curtis, e... entender algo muito mais complicado, o próprio Urik.


Janson começou a ficar aflito com a situação, e apesar de ter percebido a sua aflição, continuei na mesma posição confortável.
Depois de muitas fungadas, suspiros e sei lá mais o que, Bencini voltou a falar:
- Eu queria te dizer uma coisa.
- Pode falar... – Rebati sem vontade.
- Eu, estou curtindo você. – Disparou ele.
- Como é? – Perguntei chocada.


- Te curtindo, sabe? Você não sai da minha cabeça... passei os últimos meses pensando em... Nós – Ele deu ênfase no nós - e queria saber se... existe a possibilidade de rolar alguma coisa mais séria – ele grudou o seu rosto no meu, e indagou – tenho essa chance, Elladora?
O encarei perplexa; Em nenhum momento havia me passado pela cabeça que Janson pudesse sentir algo diferente por mim.


Pois na minha concepção Bencini deveria ser igual ao Urik; com a diferença de que Janson deveria parecer uma velha fofoqueira - Como Marian tinha cantado a bola no acampamento de férias.


Pela primeira vez tentei enxergar Bencini de uma outra maneira; Entretanto não consegui fazer a conexão mágica entre nós.
Ele até tinha conseguido me tirar do sério com todo aquele sorriso, palavras legais, e confesso pelo corpão definido, porém não me causava nenhum tipo de raiva anormal, tão menos conseguia me fazer suar por estar tão próximo.
Pra finalizar, as minhas intenções em relação a ele passavam longe, há milhas e milhas de um compromisso.


O que posso afirmar é que só estava a fim de tirar uma casquinha dele, pra provocar o Urik, mas tive que fazer mudanças nos planos.
Não queria brincar com os sentimentos de Janson; que eu não poderia saber se eram ou não reais, sendo assim optei por ser sincera... ao menos ele já sairia da situação com sua dignidade intacta:
- Janson, eu curto você também... mas não acho que as coisas tenham que acontecer assim, saímos uma única vez e faz tanto tempo.


- Eu sei, mas... poderíamos nos conhecer e o sentimento uma hora acontece.
Seus olhos brilhavam como os de uma criança em dia de natal, e senti um carinho imenso por ele naquele instante... infelizmente não foi suficiente para que eu mudasse de idéia:
- Não, Jan... não iria dar certo.
- Por quê? – Insistiu.
- Porque eu gosto de outra pessoa.
- Mas, o Curtis disse...


- Não me leve a mal... – Rebati irritada - Mas, o Curtis não sabe nem da vida dele, quem dirá da minha.
Bencini abaixou a cabeça, e o gesto me causou um leve desconforto; Muitas vezes ao longo da vida preferi tomar um fora do que dar um, a situação é sempre terrível:
- Eu sinto muito - Murmurei aborrecida - Não queria te magoar.
- Tudo bem, vou superar. – Ele sorriu meio tímido.


Não havia mais nada que eu pudesse dizer, ou fazer por Janson Bencini, então me despedi dando as costas para ele:
- Fica bem, Jan, e... cuidado com as garotas malvadas.

10 de junho de 2011

22º Capítulo - Toma lá, dá cá


Eu e Janson nos sentamos próximo ao barzinho do pub; ele me contava sobre a sua vida, e dizia algumas coisas sobre mim; porém não conseguia prestar atenção em nada do que ele falava.


Pois, próximo a nós, Curtis estava sendo atacado por duas garotas que haviam esquecido o pudor em casa.
Não estava muito longe de onde acontecia a cena, mas pensei estar vendo coisas quando eles começaram a se beijar simultaneamente.


Senti meu estômago revirar milhões de vezes, e exclamei em voz alta:
- Que coisa nojenta!
- Podemos ir pra outro lugar então! – Disse Janson, se explicando meio constrangido.


- Hum?
- Perguntei se você está com fome, se gostaria de comer alguma coisa.
- Ah! Não, Jan, relaxa... Tô sem fome.
- Certo - Ele sorriu – Por um momento achei que você estava falando sobre a comida.
- Me beija? – Questionei sem prévio aviso, acreditando que aquele seria o momento ideal para dar o troco em Curtis.


Janson fez uma cara engraçada e protagonizou um beijo soprado, por um instante ele me pareceu tão patético, que não pude deixar de indagar:
- O quê você está fazendo, Bencini? – Mas Janson não respondeu, apenas sorriu no final do seu surto romântico.


Desviei os olhos rapidamente em direção ao Urik que me encarava com aquele arzinho superior, então tomada pela raiva, que só o Curtis podia me causar, exigi:
- Janson, pelo amor de Deus! Levante-se dessa cadeira e me agarre como um cara normal!


Finalmente ele entendeu o recado, e executou o meu plano com alguma perfeição.
Sem pensar duas vezes me pendurei no pescoço de Jan, por todos os seus dotes e claro, por ser o “concorrente” direto de Urik, Bencini era o único cara em Hampton que poderia fazer o Curtis espumar, então o beijei com vontade.


Ainda que eu estivesse de olhos fechados, num momento qualquer eu os abri para ter certeza de que Curtis estava olhando, e pra minha alegria ele estava. Voltei a cerrar os olhos e me concentrei no beijo de Janson, era engraçado que apesar de estar beijando o Jan, e do beijo dele ser bom, não era o rosto dele que eu enxergava; Urik não deixava de habitar os meus pensamentos em momento algum.


Bencini me afastou quando esgotei com o seu fôlego, dizendo esbaforido:
- Nossa, você quer me matar? – Do outro lado Urik deixava o local escoltado pelas garotas, entrei em pânico por dois motivos: Por ter beijado o Janson na frente do Curtis, sem medir as consequências do dia seguinte, e por ter certeza do que aconteceria com o trio de despudorados assim que eles deixassem o Public House.


Urik ultrapassou o limite do seu território e o pânico desapareceu no instante em que Janson o cumprimentou, me deixando com a sensação de que eu havia perdido alguma coisa:
- Fala, Curtis!
- Fala, Bencini – Urik respondeu sem desviar os olhos do percurso – Tá me devendo uma.
Curtis destrubuía favores para o Bencini desde que século?