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12 de julho de 2011

26º Capítulo - Caindo na real


Havia feito milhares de planos absurdos e estava sendo consumida dia após dia por eles; Urik Curtis dormia no travesseiro ao meu lado, envolvido por uma paz que ele só conseguia sentir quando estávamos juntos.


Já eu não dormia direito há semanas; pois via naqueles momentos em que ele estava tão vulnerável, a oportunidade de violar as regras e beijá-lo mesmo que ele não tivesse consciência.


A regra imposta por ele me assombrava toda vez que o via beijar uma garota, toda vez que uma delas me descrevia o quanto o beijo dele era especial, e inevitavelmente a questão me aparecia: Se era a única mulher no mundo que teve o Urik por mais de uma vez, e tendo em mente que mantínhamos o nosso estranho relacionamento há mais de seis meses, porque eu era a única que ele não beijava?


Havíamos transado na noite anterior, e ele esteve maravilhoso como era de costume; disse-me as coisas que mais gostava de ouvir, e realizou as minhas fantasias mais íntimas; No final me aconchegou em seu peito me embriagando com o seu perfume, acariciou meu cabelo enquanto recitava sua frase já manjada, mas que eu nunca cansaria de ouvir:
- Você é incrível, L’adora, não me canso de fazer amor com você.


Naquela altura, já não tinha ânimo para expressar as minhas emoções, quis sorrir ao mesmo tempo que muitas vezes quase cheguei a chorar quando ouvia as palavras do Curtis. Para mim, a frase tinha um duplo sentido, que eu não conseguia compreender como ela deveria ser absorvida: Se considerava que ele nutria um sentimento por mim, ou se eu era como uma boneca inflável, que nos dias de aridez no deserto de Urik ele resolvia me resgatar do seu armário; Porém, aquele seria o último dia que eu teria dúvidas.


Finalmente tinha caído na real, e estava disposta a ir além; Não iria mais deixar o galpão de fininho como se fosse uma criminosa por ter dormido mais uma noite com o homem que eu amava, nem que fosse para nunca mais compartilhar a cama com ele.


Esperei pacientemente até que ele acordasse, e no momento em que Urik se sentou, eu o golpeei:
- Por que você não me beija? – A última palavra saiu quase como um soluço da minha boca; mas, Urik sequer alterou a voz para responder:
- Por que você insiste nessa pergunta?
- Porque é a única que eu não tenho resposta, Curtis. – Ele respirou pacientemente e voltou a falar:
- E o que mudaria você saber o motivo? Não é relevante.


- Como não? Eu mal tenho dormido, Urik, eu o vejo beijando minhas amigas e... Elas me contam como é te beijar, você pode imaginar como eu me sinto?
- Como você se sente? – Ele parecia disposto a me ouvir pela primeira vez, ainda que não demonstrasse o menor interesse; O seu tom me deu coragem para continuar sendo tão sincera quanto o momento exigia:
- Me sinto um lixo – Nos encaramos por algum tempo em silêncio, e quando percebi que toda a coragem que eu tinha acumulado partiu, me levantei.


Caminhei até a janela como ele costumava fazer, e parei olhando a paisagem sem me importar realmente com o que me passava diante dos olhos, pois todos os meus sentidos estavam voltados para dentro do galpão.


Urik Curtis levantou-se e caminhou até estar atrás de mim, envolveu a minha cintura e me puxou ao seu encontro, senti sua respiração bater nas minhas costas, e o roçar do seu queixo no meu ombro, raspando a barba por fazer na minha pele:
- Não se sinta assim, não gosto de te ver chateada.
- Você está sendo irônico?


- Claro que não, você sabe quando estou sendo irônico.
- Por quê, Urik? Se você não gosta de me ver magoada, porquê fez com que eu...
- Com que você o quê? – Indagou surpreso enquanto me virava em sua direção.


E lá estava eu, havia iniciado uma confissão que tinha prometido a mim mesma que nunca faria nem sob tortura; mas estava disposta a chutar o balde, nada a partir daquele momento importaria mais:
- Por que fez com que eu me apaixonasse?


Os olhos dele quase saltaram de órbita, e eu não soube distinguir por hora o que eles expressavam... Urik os cerrou no instante seguinte, perguntando com dificuldade:
- O que quer dizer com isso? Que você me... ama?
- Sim, Curtis, eu amo.


Urik voltou a abrir os olhos, e me soltou dos seus braços, olhou diversas vezes para todos os cantos do galpão como se procurasse respostas para a minha declaração, como não encontrou nada, resolveu interpelar mais uma vez:
- Por que esta dizendo isso agora, Elladora?
- Porque eu cansei de jogar com você, Curtis... Cansei do gato e rato, cansei de fingir que eu não morro de ciúme quando fico sabendo que uma garota dormiu no meu lugar... eu morro cada vez que eu vejo você lançar olhares maliciosos para quem quer que seja.


- Cansei muito mais de sentir inveja de todas elas... porque eu durmo com você quase todas as noites há mais de seis meses... entretanto, não tenho mais simples ato de afeto que pode existir entre duas pessoas; Imagina você amar alguém, Urik, ir pra cama com esse alguém incontáveis vezes e nunca poder beijar? Você consegue ver o quanto isso é uma tortura pra mim?

4 comentários:

  1. Realmente... Sem beijo na boca o resto não é tão bom... De qualquer formam não era sobre isso que deveria falar!

    AMO!
    bjosmil! *.*

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  2. Ela teve coragem!!! OH MY!!!
    AAAAAAAAAAAAAAAH!!!
    Não quero que eles não fiquem juntos. çç'
    Curtis, você é um demônio. T T'
    ashh. Ela fez o certo, mas isso me deixa tensa.

    Carol, estou morrendo aqui.

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  3. E depois de um grande periodo adormecida, a Elladora que eu gosto está de volta \o/
    É isso aí seu Urik Curtis... Ou beija, ou desocupa a moita u.u

    Beijos

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  4. Enfim ela teve coragem... Aleluia!!! Acho q o Urick deve estar ficando doido ¬¬' Dorme com a Elladora toda noite e acha q ela aceitaria numa boa se não estivesse apaixonada? affe...

    Esperando a proxima atuh me roendo pra saber o q ele vai dizer...



    ;*

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