34º Capítulo - Verão em Devon

- Caraca, Urik! Que casarão! – Exclamou Chad, tão maravilhado quanto todos nós.
- Meu pai é um pouco... exagerado – Explicou-se Urik, passando a mão pelo cabelo um tanto sem graça.


- Um pouco? – Acrescentou Nicko, ironicamente – Dá pra colocar metade de Hampton ai dentro!
- Pode ser... – Concordou Curtis, e após alguns instantes pensativo, voltou a falar – Bom, vamos entrar... eles devem estar nos esperando.


Os garotos foram na nossa frente comentando sobre o tamanho da casa, e a quantidade de coisas que se podia fazer por ali, enquanto eu caminhava apreensiva, poucos centímetros atrás de Urik.


Ao perceber que eu havia ficado para trás, Urik parou e esperou até que eu o alcançasse, e ao notar a minha apreensão, perguntou:
- O que foi, amor?
- Estou com vergonha... – Respondi encolhendo os ombros.
- Você tá brincando? Vergonha do quê? São só os meus pais!


- Curtis, olha o tamanho dessa casa! Vocês devem ter dinheiro à beça, e eu venho de uma família da classe operária de Essex!
- Você acha que eles vão te julgar por isto? – Questionou-me seriamente.
- Por que não, Urik? – Retruquei, sem pensar.
- Porque você é muito mais do que isso, L’adora – Observou ele, fazendo com que eu me sentisse tola, ao cogitar tal hipótese - Você é inteligente, educada, bem humorada, e o mais importante: você me faz feliz.


- Tem certeza? – Indaguei, enquanto minha voz sumia gradativamente.
- Claro! Mas se acontecer, pode apostar eu serei o primeiro a deixar a casa junto com você... eu já falei o quanto eles são gente boa, não falei? - Disse ele mais uma vez, para me tranquilizar.
- Sim, você disse. - Concordei, em meio ao sorriso fraco.



- Então confia em mim, ok?! Não vou deixar nada de mal te acontecer. – Declarou Curtis, ao acariciar o meu rosto com ternura.
O momento mágico foi interrompido pelos garotos antes que eu conseguisse alcançar os lábios do meu namorado:
- Vamos casal! – Gritou Chad, já na porta da casa.
- Quero salgar minhas partes! - Completou Nicko, ansioso.


Escondido atrás da porta principal, havia um living gigantesco com vários sofás e poltronas, entretanto o que mais me chamou a atenção foi a imensa parede de vidro que revelava o litoral de Torquay.


Enquanto me maravilhava com a visão do oceano tão próximo, Urik murmurou, me buscando de longe, do meio das ondas:
- Antony e Elize.
- Oi, Urik? – Voltei-me pra ele sorrindo.
- Você pediu para que eu te lembrasse o nome dos meus pais.
- Ah, sim! Obrigada.


Já havia me esquecido o quanto estava nervosa por conhecê-los, a visão do mar tinha me acalmado, mas não demorou muito para que a apreensão voltasse a tomar posse do meu corpo; Assim que os pais de Urik surgiram no living, um leve tremor tomou conta dos meus músculos.


Assim que se aproximaram, eu os encarei curiosa, buscando características do meu namorado em suas faces:
Elize tinha os cabelos castanhos escuros, e os olhos azuis como os de Urik. Aparentava ter no máximo quarenta anos, não mais do que isto. Uma mulher muito bonita de aparência simples, porém sofisticada.


Antony, não tinha a silhueta esbelta de seu rebento, era um tanto rechonchudo e dono de ralos cabelos negros; Aparentemente seu sorriso era tão raro como o de Urik.


Minhas comparações foram interrompidas quando Urik deu início as apresentações:
- Galera, esses são meus pais, Antony e Elize. – Todos nós soltamos um sorriso tímido.


Urik seguiu em direção aos pais, abraçou e beijou sua mãe, e sequencialmente fez o mesmo com o seu pai.


Em seguida nos apresentou individualmente.
- Esse é o Chad, Aaron, Nicko – Elize e Antony diziam juntos, com animação: “Prazer em recebê-los, e sejam bem vindos” enquanto cumprimentavam nossos amigos.


Quando chegou a minha vez, meu namorado me encarou, dando um meneio sutil com a cabeça para saber se eu estava preparada, assenti devolvendo-lhe o gesto, Urik então prosseguiu dizendo em tom carinhoso:
– E esta é a Elladora, minha namorada.
Elize olhou para mim espantada, Antony seguiu a mesma linha de sua esposa, fazendo-me sentir um pequeno desconforto no estômago.


Porém, segundos depois - segundos estes que pareceram meses, devo comentar - me apertarem em seus abraços, como se eu estivesse chegando de outra dimensão disposta a salvar o mundo:
- Uma namorada! Urik! – Exclamou Elize, esbanjando jovialidade.


Eu não consegui conter o riso ao ouvir Elize pronunciar o nome de Urik, algo como: “Ulrek” enquanto todos nós pronunciávamos como: “Iurik”
- Como você não comentou? – Questionou por fim com um tom amável, dizendo em seguida para mim:
- Seja bem vinda, Elladora!
- Obrigada, Dona Elize.


- Sejam todos bem vindos – Completou Antony, esboçando um sorriso carismático – A casa é de vocês, mais tarde o Magnus mostrará o quarto de cada um, mas antes, vamos fazer um lanche... vocês devem estar com fome, imagino. – Todo mundo concordou.


Nos sentamos à mesa, e fizemos uma imensa farra alimentar.
Os pais do Urik eram realmente gente boníssima, e não perdiam a oportunidade de demonstrar a grande satisfação por estarmos ali, o que contribuiu para que nos sentíssemos a vontade rapidamente, foi questão de tempo para que Aaron começasse a soltar suas piadinhas clássicas, Elize e Antony estavam encantados com ele, e eu estava contente por sentir que o melhor verão da minha vida estava apenas começando.