35º Capítulo - O segredo de Magnus

Após o lanche, nos levantamos enquanto o mordomo retirava os pratos da mesa; houve algum momento de tensão por não sabermos para onde ir, se voltávamos ao living, ou se aguardávamos até que Magnus viesse para que pudéssemos finalmente visitar nossos aposentos e colocar nossas roupas de banho.
Incomodado com a situação Nicko cochichou:
- Pergunta pro Curtis, se o tal Magnus vai demorar, quero ir pra praia, Elladora!


- Eu também quero, Nicko! Por que você não pergunta?
- Porque você é a namorada dele, oras! - Simplificou com ar vitorioso.
- E você é amigo dele! – Resmunguei a meu favor, porém Nicko fez uma cara zangada fazendo com que eu desse a pequena discussão por encerrada.


Me aproximei de Urik, e seguido de um longo suspiro perguntei ávida:
- Curtis, eu e os meninos estamos querendo, sabe? Ir pra praia... O tal Magnus vai demorar? – Meu namorado soltou uma gargalhada, parecia que eu havia acabado de lhe contar a piada do ano, como não entendi o motivo do riso, voltei a questioná-lo:
- Que foi? Disse algo errado?


- Não, amor! Vamos, vou levá-los até o quarto de vocês... hãm... você não se importa de ficar no meu quarto, se importa? – Quis saber Curtis, dando uma piscadela e me puxando em direção ao seu abraço.
- E o Magnus? – Tornei a perguntar, casualmente - Ele não vem?


- Está querendo conhecer o Magnus, Elladora? – O sorriso desapareceu do rosto dele, e seus braços tornaram a abaixar, antes que ocorresse um mal entendido, me antecipei:
- Não, é que o seu pai disse que ele viria para nos levar até os nossos quartos.


- Hum, de qualquer forma, sinto decepcioná-la... mas, você já conhece o Magnus.
Seu rosto agora estava vazio, eu o encarei desconfiada enquanto me desdobrava em mil para tentar me recordar de alguém com o tal nome.


- Não conheço não! – Rebati cautelosa, no mesmo instante em que fomos interrompidos por Elize:
- Magnus, acho que seus amigos estão ansiosos para conhecer a praia, eu e papai vamos até a igreja e voltamos antes do jantar, vocês podem ficar a vontade, viu?


- Magnus?! – Questionamos eu, Chad, Aaron e Nicko em uníssono.


Elize nos olhou de forma estranha, como se tivéssemos acabado de chegar de outra dimensão, agora com uma missão diferenciada; talvez como se estivéssemos dispostos a sugar toda a água do oceano e acabar com a paisagem da sua mansão, então prosseguiu hesitante:
- Sim, Magnus... é o nome dele.
- Desculpa mãe – Curtis disse sem graça – Pode deixar comigo.


Sem nos encarar, Urik começou a se explicar rapidamente:
- Pessoal, meu nome é... Magnus... Quero dizer, um deles... - Ele torceu o nariz, tomou ar e deu procedimento justificando então sobre: Urik, que não se pronunciava “Iurik”, pois tinha uma grafia diferente da qual imaginávamos, a grafia do seu nome era Ülrich. Acompanhamos o desenrolar da explicação em silêncio, e após alguns minutos falando, falando e falando Curtis terminou o discurso pronunciando então o seu nome completo – Magnus Ülrich Torben Curtis.


- Magnus Ülrich... sei lá o quê... Curtis? – Questionou Aaron, num tom de deboche, finalmente deixando o ambiente mais leve – Curtis! Você tem nome de físico, cara!
- Torben? Isso é o quê? Nome ou sobrenome? – Indagou Chad, completamente eufórico com as possibilidades de piadas que se abriram diante de seus olhos como persianas.


Prevendo que Aaron e Chad não parariam tão cedo com as brincadeiras, o meu namorado voltou-se para sua mãe e gemeu:
- Viu mãe, por que eu nunca falei? Agora eles terão motivos para me “zoar” pra sempre!
- Um nome tão bonito, Magnus! – Pronunciou Elize, segurando o riso que lhe nascera nos lábios, por causa dos meninos, que estavam começando a listar as profissões que poderiam combinar com o nome do Curtis.


Quando Aaron e Chad entraram em um consenso de que Urik deveria seguir a carreira de Astrônomo, para distribuir seu nome de físico pelas constelações; Curtis resolveu dar um basta, rosnando em nossa direção:
- Se algum de vocês continuar com a palhaçada, estarão imediatamente desempregados.
Foi impossível não rir, mesmo Antony que até então acompanhava todo o processo inexpressivo como Urik costumava ser, voltou a se sentar buscando fôlego para a inesperada crise de riso.