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21 de setembro de 2011

43º Capítulo - Correndo o tempo / 44º Capítulo - Para Sempre


Inevitavelmente, Janson acabou por virar o meu canal de fuga, e sempre que me encontrava perdida, desanimada, ou vivendo das fotografias que ocupavam o lugar de Urik; Bencini aparecia para me tirar da rotina amarga, e me levava para dar uma volta pelo campus, ou tomar alguma coisa no Pirata.


Estávamos sempre juntos, Bencini raramente se afastava de mim.
Quando me dei conta Janson estava sendo uma peça importante para que eu estivesse sorrindo.


Eu e os meninos voltamos a nos encontrar durante as férias, sempre que dispunham de um tempinho, eles não perdiam a oportunidade de me visitar. Passávamos a tarde toda conversando e brincando, foram dias muito divertidos que eu nunca poderei esquecer.
Tê-los por perto era quase como estar em casa, ao mesmo tempo que a proximidade me fazia lembrar de que logo mais, eles também partiriam, dentro de poucos meses seriamos apenas eu e Janson.


E não demorou muito para que isso acontecesse; Em um piscar de olhos, o dia do baile de formatura chegou.
Eu já estava arrumada, esperando pacientemente por Janson, que tinha ficado de me buscar, pois tínhamos combinado de ir ao baile juntos.
E durante o pouco tempo de espera, senti meu coração apertar como era costume acontecer toda vez que alguma lembrança de Urik tentava me alcançar.


Não pude deixar de pensar que, se não tivéssemos tomado rumos diferentes, eu estaria indo hoje para a formatura dele também.
Já fazia um tempo considerável desde a sua partida, e era engraçado como não conseguia mais me lembrar do gesto infinitesimal que existia entre o seu rosto sério e o divertido; Todas as recordações que eu tinha dele, naquele momento eram lembranças imóveis, aprisionadas dentro de um passado que eu me esforçava diariamente a esquecer.


Felizmente, não demorou muito para que Bencini chegasse, e assim que ouvi as batidas na porta do meu quarto, me apressei em recebê-lo.
Assim que me viu, Janson arregalou os olhos, e com um sorriso imenso nos lábios, me elogiou:
- Minha nossa, você está... linda.
- Obrigada, Jan... E olha você! Está muito elegante.
Após a troca de elogios, ficamos ali, olhando um para o outro em silêncio por um bom tempo.


Até que Bencini resolveu fechar a porta em suas costas.
Ele continuava a me encarar, o sorriso tinha ido embora, e o seu rosto estava muito sério; Notando suas reais intenções, me adiantei antes que ele tentasse algum flerte:
- E então... vamos?!
- Você não me dá uma chance mesmo, não é?
Suspirei impaciente, e respondi:
- Janson, não força a barra, cara!
- Ele não vai mais voltar.
Suas palavras me atingiram como um soco no estômago, e tive que me esforçar para responder:
- Eu sei... disso.


- Então o que você está esperando? - Questionou-me com certa agressividade - Você não pode, e não deve se fechar desta forma.
- Eu não sei se, um dia vou conseguir, ainda dói muito! Será que você não entende?
Minha resposta fez com que Janson se exaltasse:
- Não, eu não entendo! Eu sofro horrores por te ver assim, me machuco quando tento te fazer entender que eu posso te fazer feliz! Eu não estou pedindo que me ame... Estou pedindo apenas uma chance, para mostrar que eu posso mudar a sua vida.
- Jan... - Minha voz saiu hesitante - Por favor.
Após a explosão de sentimentos, Janson se entregou ao silêncio a fim de acalmar os ânimos.


Passados alguns minutos, ele se aproximou de mim e continuou a falar, agora em tom manso e afetuoso:
- Você está sozinha há tanto tempo, talvez só te falte um empurrão.
- Eu não quero machucar você – Respondi a ele, com honestidade – E se você continuar insistindo nessa história, vou acabar machucando, Bencini.
Ele balançou a cabeça, como se não pudesse acreditar em mim, e prosseguiu:
- Eu disse que estaria sempre por perto, e nada vai me fazer mudar de idéia. Sabe, não é sempre que temos uma chance... e eu não vou jogar a minha única chance fora; Então... não importa o que vai acontecer daqui pra frente, eu só posso afirmar que vou estar do seu lado, pro que der e vier.


De repente eu estava desarmada:
- Jan... Você é importante pra mim, tente entender... eu não quero ser um monstro pra ninguém – Engoli um nó enorme que formou-se na minha garganta, aspirei quase todo o ar que existia em minha volta e continuei – E eu me odiaria se fosse um monstro pra você.
- Então, não seja. - Murmurou ele, ternamente.
- Eu não posso dizer que não serei - Disse a ele, cheia de tristeza - Aprendi de uma maneira... cruel que promessas não devem ser feitas.
- Então não prometa, só deixe acontecer.


Eu me calei, estava cansada demais para debater, além do mais... não tinha mais argumentos válidos.
Janson aproveitou o momento e se aproximou ainda mais, me puxando para o seu corpo com urgência, então sussurrou no meu ouvido:
- Eu amo você, Elladora... amo muito.


Permiti que os seus lábios percorressem a minha mandíbula, e se aconchegassem após alguns segundos na minha boca, as mãos de Janson escorregaram para a minha cintura, enquanto eu passei meus braços pelas costas dele, deixando que ele me beijasse de verdade.
Enquanto nos beijávamos, esperei que um bocado de reações surgissem, do desejo incontrolável até a rejeição...


Porém minha mente se tornou um enorme espaço em branco, e por mais que eu tenha me esforçado, não consegui encontrar absolutamente nada por lá.
Antes que Janson conseguisse me jogar na cama, me recuperei do lapso em minha memória, e acabei por afastá-lo de mim:
- Formatura, Jan, o Wars vai tocar... então, não podemos nos atrasar.

44º Capítulo - Para sempre

Assim que chegamos ao espaço de eventos, Janson foi encontrar com a sua banda, e eu fui direto cumprimentar os formandos; Eles estavam lindos, e me deu um orgulho danado ver meus amigos já formados, o friozinho na barriga ficou por conta de imaginar que dentro de um ano seria a minha vez.

O Wars estava fazendo uma ótima apresentação, e estávamos muito empolgados com a performance da banda do Jan, quando Joanna me puxou para fora da pista com a intenção de ter uma conversa séria:
- Estamos indo embora de Hampton, Elladora... E você vai ficar.
- Eu sei.
- Você vai ficar bem, não é? - Não era bem uma pergunta, era uma ordem.
- Vou sim, prometo.


Joanna parou de caminhar assim que tomou distância do palco, me fitou cheia de preocupação, e deu continuidade:
- Olha, Allerdale fica longe pra caramba, mas se precisar de mim ou do Nicko... liga, eu juro a gente vem voando pra te socorrer.
- Obrigada, Joanna... - Disse eu, mais uma vez orgulhosa das minhas conquistas no quesito amizade - vocês não tem valor de tão raros que são.
- Quanto exagero! Somos amigos, e amigos servem pra essas coisas, não é?
Respondeu ela, com os olhos marejados.


- Hampton foi isso não foi, Jô? Nossas vidas praticamente começaram aqui. Hampton me deu vocês, me deu o Urik, me tomou o Urik e... - Joanna não deu margem para as minhas lamentações, e foi logo me cortando:
- Ah, Elladora! Para com essa bobagem de Urik! Veja as oportunidades que estão ao seu lado, ainda que você não consiga tirar o idiota do Curtis da cabeça, ele partiu... e o Janson está aqui.
- Joanna, não é assim que funciona. - Tentei me explicar, mais uma vez em vão.
- É assim, sim! Você vai continuar dedicando a sua vida pro babaca que proibiu que o Janson chegasse perto de você? Que espalhou fofocas incabíveis sobre o Bencini com a intenção de te manter afastada?


- Não! O Urik não fez isso, ele não proibiu. - Tentei esclarecer o mal entendido - Veja, o Jan se afastou por outros motivos, ele me disse quais foram.
- Você dá créditos demais pro Curtis, e crédito de menos pro Janson; Isso é um problema.
- Jô, entenda... não tenho provas para acusar o Urik, e o Janson... bom, ele nunca afirmou, mas também nunca negou os boatos que rolam sobre ele.
- Você pode não ter provas, Elladora, mas eu tenho. - Ela deu um sorriso vitorioso - Você deve saber que o Urik tinha o Nicko como confidente... portanto, sei muito bem do que estou falando.
- O Janson está ciente da sua fama de fofoqueiro, eu mesma o acusei! Se é mentira, por que ele nunca desmentiu?

- Problemas do Janson, são problemas do Janson... e isso eu não posso responder, o que eu sei é que ele esperou o suficiente para ter certeza que o Urik não voltaria mais, e então quando sentiu-se seguro correu pra você, ele te ama, Elladora, não é difícil enchergar.
Tentei expressar tudo o que me vinha em mente e desaparecia no mesmo espaço de tempo, era pra eu ter ficado irada com todas as verdades que eu julgava serem mentira e vice versa, porém não aconteceu. A memória recente de Janson entrando na república a minha procura, por algum motivo me deixou contente.
- Pensa com carinho, O.k? - Ela limitou-se a dizer, devido ao meu silêncio repentino.

Antes que eu conseguisse responder a Joanna, Janson fez uma pausa na apresentação chamando a atenção dos presentes para o palco:
- Boa noite, pessoal! É um prazer poder estar com vocês nesta noite tão especial, é um prazer poder tocar na festa de formatura dos ex-integrantes do Nightmares, que ainda hoje continuam sendo referência pra “calourada”, e a melhor banda que Hampton já teve.


- Espero que esta noite seja inesquecível para todos os formandos, para todos os convidados... pra mim já está sendo. – Jan me lançou um sorriso lindo, e eu sorri de forma abobalhada em sua direção, invertemos os papéis; Ele estava no palco e eu o encarava desta vez: Pra animar a galera, The Smashing Pumpkins – Tonight, Tonight!

Eu e Joanna nos abraçamos ao ouvir as primeiras frases da música de Billy Corgan; Chad, Aaron e Nicko correram ao nosso encontro e nos abraçamos emocionados demais.

Era a última vez que estaríamos tão próximos, a última vez que seriamos o Nightmares; Ainda que a nossa alma tenha ido embora, nunca iríamos nos esquecer dos dias passados na casa do Curtis: Das tardes de ensaio, das apresentações, das brigas, das férias, enfim... nada se apagaria de nossa mente, e apesar da distância que enfrentaríamos a partir dali, sabíamos que a amizade que construímos valeria para sempre.


Naquela noite, após o Wars encerrar o show dando vez ao DJ contratado, dei procedimento as palavras de Joanna, dando a chance que Bencini precisava ter, que talvez eu precisasse ter... E acabamos ficando.


Continuamos juntos até as férias do meio do ano, quando Janson me pediu em namoro pela enésima vez, foi a vez que aceitei.


De lá pra cá, quatorze anos depois de ter ingressado na Hampton University, muita coisa mudou, muita água passou.
Joanna e Nicko se casaram no verão do ano em que me formei, e ainda hoje moram em Allerdale, em Cumbria.


Gregory, nasceu há cinco anos. Muito tempo depois que eles se casaram.

Aaron e Chad estrearam como comediantes seis meses após a formatura deles. Desde então tornaram-se uma espécie de celebridade da comédia Stand-Up, e passam a maior parte do ano viajando em turnê.

Após sairmos da faculdade, eu e Janson nos mudamos para uma kitnet em Fulham, um bairro de classe mediana em Londres, e arrumamos empregos.


Janson teve muita sorte, entrou como estagiário em uma empresa de publicidade bacana, e hoje está entre os melhores publicitários do grupo.

Já eu, mudei de emprego diversas vezes até conseguir trabalhar no Museu da arte moderna, e graças ao meu mestrado em Museologia, alcancei recentemente um cobiçado cargo na diretoria.

A kitnet foi se afastando das nossas vidas conforme as libras nos nossos salários aumentaram, e juntando nossas economias conseguimos comprar o apartamento dos nossos sonhos, como Janson costuma me lembrar todos os dias.

A vida continuou para todos nós da forma como deveria ser; Apesar de não nos vermos com frequência procuramos estar sempre em contato, seja por telefone ou batendo papo na internet.

O Curtis nunca mais voltou para a nossa rodinha de amigos, não tive nenhuma notícia e nunca mais o vi. Teve uma época que procurei saber sobre o paradeiro dele, mas perguntar a seu respeito para: Nicko, Joanna, Aaron ou Chad era tão inútil quanto procurar o seu nome na lista telefônica, ou nos sites de busca.

As lembranças de Urik, foram ficando cada vez mais longe, cada dia mais ofuscadas pelos anos que nos separam, e às vezes o passado me parece tão distante, que chego a duvidar de sua existência.

Aprendi a lidar com a dor e a tristeza, engavetando tudo em uma parte do meu cérebro que muito raramente acesso. Entretanto, quando eu não posso escapar, e as memórias voltam para me lembrar que um dia Urik esteve ao meu lado, só posso afirmar que continuo sentindo a falta dele, todos os dias.

17 de setembro de 2011

42º Capítulo - O fim do Nightmares


Quando Urik partiu, levou em sua mala todos os sonhos que ainda não tinha tido o privilégio de ter, levou no meio de suas roupas toda a bagagem da minha vida, a que tinha vindo antes dele, e a que viria depois.
Levou embora até os pesadelos que eu não tive, e deixou no seu lugar um vazio imensurável.


Eu e os garotos esperamos que o Curtis voltasse por alguns meses, e durante a espera, assistimos algumas estações chegarem e irem embora.
A esperança de que Urik pudesse voltar foi morrendo dia após dia... até que compreendi, ele não voltaria jamais.


Ao menos Urik não permitiu que os meninos ficassem desamparados até o fim da carreira acadêmica deles, e apesar de ter me incluído no pacote, conforme Nicko me contou, decidi que não permaneceria na casa.


Pois era muito doloroso continuar vivendo ali, por conta das lembranças que cada parede, de cada cômodo me trazia, dos tempos em que eu e Magnus passamos juntos.


Era como se Urik Curtis estivesse morto, e a seu respeito só tivessem sobrado fotos e memórias de um cara: Genioso, autoritário, incompreensível, pouco confiável e hipócrita, mas que eu amava, e nenhum dia que se passava estando longe dele fazia meu amor, nem a dor que ele me fizera sentir diminuir.


Não procuramos outro baterista, e não migramos para nenhuma outra banda.
Urik era a alma do Nightmares, sem ele éramos apenas,Chad, Aaron, Elladora e Nicolau, estudantes da Hampton University, e nada mais que isso.


Mais ou menos oito meses após a partida de Urik, eu e os meninos acabamos por nos afastar, por eu ter voltado a morar na república, e por eles estarem agora cursando o último ano de universidade.
Passava a maior parte do tempo sozinha, e raras foram as vezes que pude contar com a amizade de Joanna.
Ela estava ocupada demais naquele instante para lidar com os meus problemas, e quando podia estar comigo, passava o tempo todo falando do namoro que ela tinha engatado com o Nicko.
Nunca a culpei por ela não ter me oferecido o seu ombro para que eu pudesse chorar minhas mágoas; Pois nos meus tempos com o Urik, creio que nunca tenha conseguido encontrar uma brecha para lembrar da existência das pessoas em minha volta.


Foi uma tarde qualquer, de um mês qualquer que Bencini voltou a me procurar.
Estava vagando por entre as salas da república, sem animo para nada, arrastando a minha corrente chamada Urik Curtis, quando Janson surgiu na porta de entrada do prédio.
Não via o Bencini desde o dia em que tinha começado a namorar com o Curtis; Então, pelas minhas contas, estávamos a cerca de um ano e meio sem nos ver.


Janson estava bem diferente, continuava muito bonito, e pude notar que eu continuava a sentir um carinho imenso por ele.
Fiquei paralizada observando a figura de Bencini caminhar até mim com um olhar penalizado, enquanto se lamentava:
- Ah, Elladora... eu sinto muito.


A frase me irritou, afundei os ombros no meu corpo, e o repreendi:
- Não fique com pena de mim, Bencini... tudo, qualquer coisa, menos pena.
- Não estou com pena de você, estou dizendo que sinto muito por ter demorado tanto pra vir até aqui.


- Ah, bom... Sem problemas... – Disse eu, completamente sem graça e continuei a cursar o trajeto que estava disposta a fazer enquanto me explicava:
- Não ando muito animada pra conversar, então posso garantir que você não perdeu muita coisa.
- Não faz assim... Cadê a minha Elladora? – Resmungou Janson, ao meu lado - Aquela, do nariz empinado que leva o mundo no peito?
- Não te contaram? Mataram ela, e deixaram essa cópia tosca no lugar.


- Você não vai ficar assim pra sempre, não é? Essa cópia é muito chata.
Ainda que tenha sido uma risada frouxa, Janson conseguiu tirá-la de mim e sua observação fez com que eu refletisse:
- Eu sei, Jan, me desculpe. Ando um pouco dura com as pessoas, venho sendo dura até comigo, mas acho que vai passar um dia... eu espero.


- Vai sim... claro que vai. – Ele afimou, me puxando para o aconchego do seu corpo.
- Senti sua falta, Jan – Murmurei chorosa, ao encostar minha cabeça no seu ombro – você era meu amigo, e me deixou.
- Senti sua falta também, você continua sendo minha amiga – Jan suspirou profundamente antes de dar continuidade.


- Te deixei porque você quis assim, estive todo esse tempo no mesmo lugar, foi você quem não me procurou.
Tentei me desculpar ou argumentar, mas não encontrei coragem pra fazer, Jan também não me deu espaço - Mas, tá tudo bem... você não tem culpa, ok? Agora, eu tenho... por não ter lutado mais por você.


Me afastei instantaneamente, tentando cortar o assunto:
- Jan, agora talvez não seja o momento ideal para...
- Só quero que você saiba – Ele fingiu não me ouvir, pois estava disposto a me consolar – Eu estou aqui para o que der e vier.


- Pra ser seu ombro amigo, um “P.A” se você precisar – Eu sorri novamente, um pouco mais animada – Ou pra ser aquele namorado: dedicado, amoroso e apaixonado, como te propus há dois anos.
- Você é um anjo, Janson... como vou poder um dia te agradecer por ser tão atencioso comigo?
- Um beijo daqueles, de desentupir pia, pra mim já valia como pagamento. - Ele sorriu malandro, e se justificou em seguida – Sério... é só me chamar, que eu venho correndo.


Bencini ficou me encarando por um tempão, e trazia no rosto uma ternura afrodisíaca, os olhos verdes mansos eram tão aconchegantes quanto o seu corpo, e naquele instante eu desejei ter me apaixonado por Janson perdidamente. Apesar de todas as fofocas que rolavam a seu respeito, “Que Janson era uma velha fofoqueira de janela” ele nunca havia mostrado o seu lado cafajeste pra mim.


Comigo, Jan sempre tinha sido um amigo para todas as horas, e para todos os afins, ainda que eu o tenha guardado por muito tempo em uma gavetinha, de uma cômoda velha no fundo do quartinho de bagunças das minhas memórias, enquanto estive ocupada demais me apaixonando por Urik.